O diagnóstico de alergia alimentar nem sempre é tão simples (nem para o médico) e deve ser sempre avaliado por um profissional bem capacitado. A consulta é a base de tudo: do diagnóstico e do tratamento. Uma consulta mal conduzida pode gerar exames desnecessários, medicamentos desnecessários e terapia inadequada que vai gerar mais sofrimento e insegurança para a família.
O médico baseia-se principalmente na história clínica bem detalhada que, na maioria das vezes, é suficiente para fazer a suspeita de APLV.
Para confirmar o diagnóstico é preciso fazer a dieta de exclusão total e ocorrer melhora dos sintomas. Assim, o diagnóstico se confunde com o tratamento.
Após a melhora total dos sintomas realiza-se a reintrodução da proteína suspeita (teste de provocação ou desencadeamento oral que deve ser feito com critério) e se retornarem os sintomas, realiza-se o diagnóstico definitivo de APLV.
O teste de provocação nem sempre é necessário, por exemplo, quando: os sintomas são fortemente sugestivos de APLV; outras causas para os sintomas são improváveis; a melhora com a dieta foi marcante; e houve reação em casa bem caracterizada após um escape alimentar.
No entanto, após a suspeita de APLV e instituição da dieta de exclusão é preciso aguardar um tempo para que ocorra melhora dos sintomas. Os sintomas não somem no mesmo dia! As alterações intestinais causadas pela APLV demoram um tempo para sua cicatrização. O tempo mínimo de dieta necessário para que ocorra melhora dos sintomas é de até 14 dias. Quando os sintomas são sugestivos de reações imediatas, o tempo de dieta necessário para melhora é menor e em geral varia de 3 a 7 dias.
Para a criança que é amamentada, o leite materno deve ser mantido e a dieta da mãe deve ser de exclusão total da proteína do leite de vaca e da proteína da soja (ver seção Tratamento e em especial A mãe que amamenta para maiores detalhes). Lembrando que, após o início da dieta adequada, demora cerca de 4 dias para que não sejam mais identificados no leite materno, proteínas do leite de vaca e soja ingeridos pela mãe.
Para a criança que utiliza fórmulas infantis, estas devem ser substituídas por fórmulas especiais como as fórmulas extensamente hidrolisadas, fórmulas de aminoácidos e fórmulas infantis de soja. Cada uma tem uma indicação específica (ver seção Tratamento e em especial Fórmulas para maiores detalhes).
Importante ressaltar que não ocorre prejuízo nutricional nenhum com uso das fórmulas para alergia se indicadas corretamente. Caso não se confirme a alergia elas podem ser retiradas a qualquer momento.
Algumas poucas vezes se podem utilizar exames laboratoriais (de sangue e testes alérgicos cutâneos) e mais raramente a endoscopia e/ou colonoscopia com biópsia intestinal.
O médico ainda deve excluir outras possíveis causas dos sintomas, avaliar a gravidade do caso e ser atencioso e disponível para atender à família e seus anseios pós-consulta.
Os testes cutâneos (prick test) e a pesquisa de anticorpos IgE específicos através de exames de sangue (ImmunoCap®, antigamente chamados de RASTs) podem ser aplicados quando há suspeita de alergia alimentar IgE mediada (quadros de urticária, inchaço de olhos e face, chiado no peito, anafilaxia) e podem ser úteis para direcionar a necessidade de realizar um teste de provocação.
Quando são negativos significam que a probabilidade é alta da criança não ter alergia pelo mecanismo IgE, mas se a criança tiver alergia não IgE, mesmo sendo grave, o exame será negativo.
Quando positivos, indicam sensibilização e somente em 50% das vezes haverá uma relação causal entre o leite de vaca e o desenvolvimento do sintoma estudado. Ou seja, podem ser positivos e a criança pode já ter desenvolvido tolerância (melhorado da alergia), mesmo com exame positivo!
O exame cutâneo positivo indica então que há uma sensibilidade àquela proteína testada, mas pode não haver sintomas, pode haver tolerância. Em outras palavras a criança produziu anticorpos contra aquela proteína (exame positivo), ou seja, é sensível a ela, mas tolera bem e não desenvolve sintomas! Desta forma, nenhum alimento deve ser retirado da dieta apenas porque o teste cutâneo foi positivo.
Mais uma vez, lembramos que a maioria das alergias com manifestações apenas gastrointestinais, não são mediadas por IgE e o diagnóstico fundamenta-se na anamnese e exame físico detalhados, na melhora clínica na vigência da dieta de exclusão dos alérgenos e no teste de desencadeamento positivo, quando indicado. Ou seja, nestes casos (alergias não mediadas por IgE) não são necessários exames.
Exames positivos não indicam necessariamente que a criança apresenta alergia.
A dosagem de anticorpos IgG não possui função no diagnóstico de APLV e não é recomendado. Assim, cuidado com exames caros para múltiplos alimentos presentes no mercado, pois são muito sedutores, mas não são eficazes.
Não existe um exame ou teste que confirme isoladamente o diagnóstico de APLV
A base do diagnóstico é uma boa consulta e um acompanhamento com um profissional capacitado e atencioso.
A confirmação diagnóstica depende da melhora dos sintomas após a dieta de exclusão e da piora após a reintrodução.
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